domingo, 26 de agosto de 2012

SEMPRE A SUBIR ATÉ AOS LOURAIS

s jorge 11 Em plena hora de maior calor, vejo um casal de estrangeiros entregar-se em vigorosas passadas na direcção dos Lourais e decido fazer o mesmo. Ainda respiro e caminho normalmente até à vizinha Fajã dos Bodes mas em breve acabo exausto e sem forças a lutar contra o poder inclemente do sol e da humidade envolvido por faias, incenso e o som dos pássaros. Vejo-me obrigado a parar incontáveis vezes. Este trecho do trilho é uma longa subida até aos Lourais. O Pico, sempre ele, imutável, uma coroa de nuvens brancas sobre o dorso, é uma miragem. s jorge 13 O meu ritmo cardíaco dispara. Procuro parar nas sombras, Encosto-me às pedras do trilho. Nos intervalos, espreito mais uma vez a Ilha do Pico mas naquele dia, tudo é demasiado sofrido. Continuo a via-sacra empapado em suor,a t-shirt colada ao corpo, o cabelo colado ao boné, quando passa por mim um rio de franceses sorridentes que tiveram a feliz ideia de descer o trilho em vez de o subir de forma insensata como eu.Procuro não dar parte de fraco e sorrir. Devo ter largado o sorriso mais estafado e amarelo deste mundo. Pergunto a um dos caminhantes se ainda falta muito para os Lourais. Ele explica-me em bom francês que sim, que passarei uma ribeira e depois terei de continuar a subir, o que me deixa ainda mais desanimado. s jorge 12 s jorge 14

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