domingo, 30 de dezembro de 2012

NA CASA DAS MÁQUINAS DO FAROL DOS CAPELINHOS

faial 23 “Foi durante o furacão Nadine”, recorda Aires Filipe, 25 anos, a trabalhar ali mesmo junto ao Farol dos Capelinhos. “Estavamos aqui e demos com isto. Sabíamos que existia mas nunca tínhamos visto”. O temporal destapou a antiga chaminé da vestuta casa das máquinas do farol. “Destapou tudo e dá para ver como o farol funcionava antigamente. O senhor quer ver? Desça comigo, aos poucos habitua os olhos ao escuro”. capelinhos 2 Desço com Aires Filipe, um dos três funcionários que há cerca de um mês deram com a velha casa das máquinas. “Estavamos aqui a trabalhar e demos com isto. Comunicámos logo ao Parque mas eles dizem que tem de ser tudo bem avaliado porque há aqui uma viga que está em perigo”. Lá dentro, sem lanterna, é praticamente impossível perceber o que lá se encontra. A antiga entrada está ainda enterrada em cinzas vulcânicas. Só com a ajuda do flash da máquina e as descrições entretanto feitas por Aires Filipe vou entendendo onde se encontra o velho gerador ou as caldeiras. capelinhos 6 capelinhos 4 capelinhos 3 capelinhos 5 Não existem dúvidas, no entanto, que este material existente no subsolo do farol pode vir a enriquecer e de que maneira o moderno Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. Este já foi nomeado para melhor Museu Europeu do Ano 2012 e está enterrado no solo vulcânico para o preservar, à cota original anterior à erupção. Distribui-se entre o antigo piso térreo do farol e as casas de apoio existentes quando da erupção de 1957. O moderno centro proporciona aos visitantes uma viagem interactiva que descreve o fenómeno geológico ocorrido nos Capelinhos no século passado e conta com a projecção de um filme que narra a história dos Açores. Numa sala, são oferecidas maquetas dinâmicas dos três tipos de actividade que ali ocorreram. Nas duas últimas salas da exposição permanente pode apreciar-se a “história e as paisagens geológicas” e entre outras mostras, amostras de rocha do vulcão. Com certeza, depois de recuperada, a antiga maquinaria que fazia funcionar o velho farol inaugurado em 1903 será uma mais valia quer para o Parque Natural do Faial como para o Centro Interpretativo. Para já, permanece no subsolo, à guarda dos três diligentes e simpáticos funcionários. capelinhos 8
Num dia particularmente ventoso e cinzento de Novembro, o vulcão dos Capelinhos é um deserto humano, com excepção de alguns trabalhadores que cuidam de arranjos no exterior e de um casal de estrangeiros que enfrenta a ventania como pode, tira umas fotos e regressa ao carro antes da chuva começar a caír. faial 19 faial 18 faial 20

OS CAPELINHOS ALI TÃO PERTO

O perfil do vulcão dos Capelinhos ergue-se ao longe e já se avista da estrada, um monumento ao poder telúrico que espreita por debaixo das ilhas como ameaça permanente. faial 16 A primeira vez que visitei a zona, em 1986, contavam-se de um e do outro lado da estrada as casas abandonadas. Hoje são muito poucas, existe no Capelo um centro de artesanato, há casas de turismo de habitação e sobretudo aquela obra monumental no subsolo do Farol chamada Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. Faial 17

O UNIÃO VULCÃNICO JÁ NÃO JOGA AQUI

c vulcanico 3 c vulcanico 2 E de repente, ali bem perto dos Capelinhos, encontrei o surreal e muito vulcânico campo de futebol do Clube União Vulcânico, um clube de curta duração. Fundado em 1990, acabou em 2006. Junto a uma das balizas há marcas de rodados no solo negro onde se jogaram partidas das distritais. O nome do clube, esse, só por si, merecia receber um galardão. As instalações parecem abandonadas. Não há ninguém ali por perto a quem perguntar o que quer que seja. cvulcanico 1

sábado, 29 de dezembro de 2012

BALEIAS NO CAPELO

faial 15 Muitas vezes, junto à estrada, existem pequenos sinais que me chamam a atenção para realidades passadas. Ali bem perto, no Porto Do Comprido, partiu-se para a caça às baleias de 1884 até 1957, quando se deu a erupção do Vulcão dos Capelinhos. A antiga Casa dos Botes Baleeiros foi recentemente reabilitada e inaugurada. Francisco Medeiros, ex-Cabo do Mar do Cais do Pico, conta no blog "À Sombra do Vulcâo" que "até ao ano 1957, durante a Campanha de Verão, os baleeiros se alojavam em casas construídas em pedra cobertas de palha de trigo a que chamavam palhotas. Na rampa do porto varavam cerca de 20 botes baleeiros, pequenas embarcações de pesca e na sua pequena baia ancoravam 7 lanchas baleeiras a motor". Parte destas embarcações, pertenciam às Armações baleeiras Reunidas, do Cais do Pico, Ilha do Pico, que por falta de baleias no Canal Pico/S. Jorge , baleavam de parceria com as Armações do Faial que também para ali se deslocavam. "Na madrugada do dia 27 de Setembro de 1957", escreve ainda Francisco Medeiros, " com a terra balançando continuamente, os vigias de baleia do Costado da Nau, a escassos metros acima do Farol, notaram o oceano revolto a meia milha da costa, para os lados de oeste. Desceram dos Costado da Nau pela última vez, alertaram os faroleiros e os baleeiros estacionados no Porto do Comprido ali próximo. Tinha-se extinguido a maior Estação Baleeira do Arquipélago dos Açores. O mar entrava em ebulição e havia cheiros fétidos. O Vulcão dos Capelinhos tinha entrado em actividade".

AUGUSTO MACIEL, O HOMEM QUE TOCA BANDOLIM NA MISSA

faial 14 Encontrei Augusto Maciel na Ribeira do Cabo, extremidade sul da freguesia de Capelo. Augusto, 85 anos, só deixou a Ribeira do Cabo, ali a poucos quilómetros do Vulcão dos Capelinhos, um ano e porque foi obrigado. “Tivemos de ir para Castelo Branco mas logo que pude voltei. Eu estava danado para vir para cima. Ouvia aquilo a fazer pum, pum mas não me importava”. O senhor Augusto criou oito filhos na Ribeira do Cabo, hoje espalhados pela Ilha do Faial, pela costa leste e costa oeste dos Estados Unidos. “E todos aprenderam a tocar bandolim”, diz a sorrir o homem que aos 85 anos continua a animar as missas de fim de semana das Igrejas de Capelo e Norte Pequeno. O primeiro instrumento de Augusto Maciel não foi o bandolim. “O meu pai tocava viola da terra e eu tanto chateei o meu pai que ele mandou fazer uma viola a um senhor que vivia no Canto do Capelo. O meu pai levou-lhe um pau de castanho que tinha encontrado no Varadouro e foi com essa madeira que a viola foi feita”. Augusto escutava as chamarritas à noite enquanto se descascava o milho, depois chegava a casa e começava a tocar com o pai. “Tinha a viola em cima da cama. Chegava de trabalhar no campo, pegava nela e começava a tocar como via nas chamarritas e como vai o meu pai tocar. Dava a pancadinha na viola tal como via fazer o meu pai”. Naquele tempo não havia rádio. Trabalhava-se muito na terra e a distracção ao serão era a viola da terra. “Sachavamos milho, favas, batata, favas, feijão, matávamos dois porcos todos os anos. Trabalhavamos muito mas nunca nos faltou comida”. Da viola Augusto passou para o violão e mais tarde para o bandolim. “Ensinei os meus 8 filhos a tocar bandolim e quem aparecesse. Havia muita gente aqui antes da emigração para a América. Eu fazia ranchos com a minha família e amigos”. faial 11 Quem quisesse aprender a tocar, bastava aparecer na cozinha da casa de Augusto. “Eu não tinha coração de não deixar os outros entrarem. Tinhamos o forno a secar o milho e todos a aprender bandola e bandolim. Até fomos à Terceira com esse rancho que eu organizei”. Mais tarde, Augusto, sempre entusiasta da música tradicional na zona do Capelo, criou uma tuna que chegou a ir à famosa festa da “Semana do Mar” na Horta. “Entretanto, os meus filhos foram para a América e outros foram para fora da freguesia. Já não os consigo juntar mas ainda gostava de fazer uma brincadeira com filhos, netos e sobrinhos”. Sempre que pode, Augusto Maciel toca o bandolim na missa e está presente nas festas religiosas da freguesia do Capelo. Tem saudades, no entanto, do tempo em que se juntavam ao fim do dia no Império da Ribeira do Cabo. “Emigrou tudo…” faial 13 faial 12

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Em DIRECÇÃO AOS CAPELINHOS

faial 7 faial 8 faial 9 faial 10 Um avião espera pelos passageiros na pista de Castelo Branco. O céu cobre-se de nuvens no interior da ilha quando passo junto ao Império da Coroa Nova. Os Impérios bordejam a estrada. Mais tarde, numa esquina, segue-me o Império da Lombega. Em breve estarei no Varadouro

FRANCISCO GOULART, TOCADOR DE VIOLA DA TERRA, ALMANCES

Francisco Goulart Num pedaço de campo não muito longe do aeroporto do Faial, em Almances, freguesia de Castelo Branco, numa casa humilde e térrea, vive Francisco Goulart, um homem da lavoura que se deixou cativar pela viola da terra. "Toquei num clube aqui em Almances que já fechou e agora toco nas chamarritas, no grupo de folclore da Feteira. Vou sempre que me chamam. De resto, quando estou sózinho, toco para me entreter", conta Francisco, às voltas com um problema na vista que mal o deixa trabalhar. "Esta viola foi feita na freguesia de Pedro Miguel por um senhor Teixeira que em tempos as construía. É bem antiga. Fui aprendendo com outros e lá vou ajudar ao folclore, sempre em conjunto com outros. Quer que eu toque?" faial 2

HORTA-CASTELO BRANCO

faial 4 A Horta da marina, dos iates e do passado cosmopolita vai ficando para trás quando passo junto ao Império dos Operários, hoje sem coroa do Espírito Santo nem o azul nas molduras, na cornija e nos outros elementos decorativos. Império à parte, existe sempre algo de profundamente melancólico ao cruzarmos as portas de uma fábrica fechada. Imagina-se a vida, o bulício, o silvo a rasgar as horas e os ares a anunciar novo turno. faial 5 faial 6 As sombras do Pico e do Monte da Guia vão ficando para trás à medida que me aproximo da freguesia da Feteira.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

PORTO PIM

faial 3 Passo junto ao Forte e largo a Horta por Porto Pim e o seu casario humilde, a léguas do que a Família Dabney ou as empresas de cabos telegráficos construíram em outras zonas da cidade, a anos luz da Arte Déco" que invadiu a cidade pós terramoto de 1926. Ali era e é bairro de pescadores. Do outro lado da baía, no final da praia de Porto Pim, a fábrica das baleias, onde hoje está instalado o Centro do Mar/ Observatório do Mar dos Açores.

CHAMARRITAS NA HORTA

chamra Viciado em bailes de chamarritas no Pico, dia 11 de Novembro e a pretexto de um magusto no Mercado Municipal da Horta, acorri à actuação do Grupo de Chamarritas das Angústias. Ao som de música gravada, faltaram-me as violas da terra, o violino, os bandolins, os violões.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DA MADALENA À HORTA

Deixei a Madalena num dia de sol. Lastimável o estado da velhinha Espalamaca, a apodrecer no porto. Merecia ser restaurada para recordar as incontáveis viagens entre o Pico e o Faial. Sinal dos tempos, aportei na Horta no recente e moderno Terminal. Cimento, muito cimento. pico 1 pico 2 pico 3 pico 4

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A ILHA DA CHAMARRITA

pico 129 pico 128 Os bailes de chamarrita estão a conhecer um regresso em força e não deixa de ser curiosa que uma discoteca como "O Farol", nas Ribeiras, abra o seu espaço para algo que há uns anos era considerado ultrapassado. Também tive oportunidade de ver jovens no Clube Naval de São Roque do Pico a terminar uma noite de música de dança ao som de chamarritas e a dançá-las com a alegria e o orgulho identitário de quem sabe que aquilo é a sua música. Manuel Canarinho, mestre da rabeca e voz fundamental na chamarrita do Pico, não tem dúvidas do impulso que esta tomou desde que ali foi Tiago Pereira gravar, enfeitiçado, o documentário "Não me importava morrer se houvesse guitarras no céu". Manuel Francisco Costa, director do Museu do Pico e também cantador e tocador considera a Chamarrita "a grande expressão cultural sobrevivente da ilha": "Mantem-se pura, não foi museulizada. As pessoas continuam a saír de casa para bailar espontaneamente, numa partilha do corpo, do afecto, do prazer". Porquê um baile tão frenético em comparação com os bailes de roda nas outras ilhas? "Penso que tem a ver com a dureza e dimensão telúrica da vida no Pico. A chamarrita começa nos terreiros e nas casas particulares como compensação do sofrimento imposto pelo solo inóspito. Daí esta pulsação", explica Manuel Francisco Costa. A chamarrita, afastada e quase extinta pela aparição das guitarras eléctricas, pela música de dança estrangeira e pela associação, a seguir ao 25 de Abril, ao passado, ressurgiu. "Houve uma espécie de nostalgia, pelo menos nas pessoas da minha idade, uma nostalgia do tempo em que aprendíamos a chamarrita, de um tempo em que fomos felizes".

NO PICO ACIMA DAS NUVENS

pico 136 Não quis acreditar. Ao fim de quase dez dias a auscultar uma janela de oportunidade para subir ao Pico, cheguei de manhã junto a uma das janelas de guilhotina da Pousada da Juventude do Pico e lá estava ele, soberano, limpo, clemente. Tinha umas résteas de esperança de lá poder ir acima porque a meterologia anunciava uma trégua no mau tempo entre 25 e 26 de Outubro. Sorvi uma chávena de café à pressa, comi um papo seco e desapareci porta fora. Haviam sido tantos dias de borrasca que a oportunidade parecia duvidosa. Com efeito, a Ilha do Pico já não conhecia um dia de verdadeiro bom tempo desde, é curioso, o dia das eleições regionais. Nesse dia 14 de Outubro estive na procissão e arraial nas Terras, perto das Lajes do Pico naquele que terá sido o último grande dia de sol. Ao fim do dia nuvens arroxeadas já tapavam o céu para os lados da Piedade. Contrastavam vivamente com o branco puro da igreja. Por momentos, temi que a distribuição de rosquilhas com que tudo terminaria depois da actuação da banda filarmónica tivesse de passar para o salão mais abaixo. A banda tocou ainda sob o sol sobrevivente de fim do dia. O maestro tinha o mau tempo e o cenário de chuva eminente por trás e a luz ofuscante do sol bem na frente. A dada altura, lá pediu uns óculos de sol e tudo correu ordeiramente. Nesse dia também, em fim de festa nas Terras, um pequeno televisor no bar da sociedade local anunciava a vitória do Partido Socialista nas eleições regionais. Devo dizer, com respeito pela verdade, que eram muitos mais os que confraternizavam junto das rosquilhas ou de pratos de codornizes, minis de cerveja dos que procuravam saber o resultado. Comi um prato de favas, paguei e vim embora. Depois, foi o que se viu. Dias e dias em que o Pico permanecia apagado pelas nuvens baixas. Era como se não existisse. Todas as manhãs lá ía eu à dita janela de guilhotina e tudo o que via era uma massa cinzenta e frustrante sobre a montanha. A juntar à depressão das nuvens baixas, o mar toldou e revirou, arrostando pedregulhos para cima do cais em frente ao museu de São Roque, explodindo de raiva nos rochedos negros um pouco por onde ía passando. Fui coleccionando fotos de grandes vagas embatendo em portos e baías e mistérios por onde ía passando. Numa tarde em particular, quando caminhava entre o emaranhado de rochas do Cachorro e o Cais de Mourato, o Pico reapareceu por momentos. Apeteceu-me chamar-lhe todos os nomes mas o vulcão voltou a submergir lentamente por baixo de uma correnteza de nuvens. Até que a 25 de Outubro, cheguei à deserta Casa da Montanha (no Inverno só abre aos fins de semana) e pus-me a trepar com aquela energia e fúria gerada por dias de ansiedade. Tive sempre comigo a felicidade de não ter a ameaça da neblina. Segui diligentemente os marcos, sem saber quantos eram. Agora sei que são 41. Devo dizer que, não sendo montanhista, dá-me muito mais prazer subir que descer. Parei sempre por breves momentos para beber água ou para restabelecer o ritmo cardíaco. De vez em quando, ía registando o avolumar de nuvens sobre a Ilha do Faial, nas minhas costas. Ao fim de duas horas e meias, após passar por alguns pequenos vestígios de neve, cheguei à cratera do vulcão. À satisfação evidente de lá ter chegado acima seguiu-se imediatamente a frustração. “Mas aqui, cercado por estas paredes de pedra, não vejo nada”, pensei para com os meus botões. Trepei então o último cone, o Piquinho, pequenas pedras a resvalar, outras a exalar o calor e o vapor vulcânico. Devo dizer que para quem esperou tanto tempo, não foi mau de todo. Do Piquinho, pude ver São Jorge semi-oculta pelas nuvens e o Faial. O melhor foi mesmo aquela sensação imperdível de usufruir o vento livre do topo da montanha, um sopro de liberdade. A descida foi bem menos romântica. A qualquer momento resvalava em pedregulhos, pequenas pedras soltas. Desta vez a Ilha do Faial surgia com bastante menos nuvens. Fui-me entretendo a ver se algum carro cruzava a estrada que passa na base, junto à Casa da Montanha. Ao fim de duas horas e meia estava de novo cá em baixo. Tão depressa não surgirá uma janela de oportunidade assim, parece-me. No momento em que escrevo, o topo do Pico está oculto pelas nuvens e as previsões são de regresso do mau tempo. Quem sabe um dia voltarei. pico 134 pico 2

ATÉ AO CACHORRO E CAIS DO MOURATO

pico 125 O Cachorro e o seu dédalo de túneis criados na rocha foi de longe o lugar da costa onde mais me impressionou a força do mar. Por algum motivo foi o local escolhido para instalar o centro de energia a partir da força das ondas. Fiquei ali embasbacado a olhar para aquela enorme caixa de betão em cujo interior o mar entra e explode em ressonância e fragor: "Bruuuum!" De cada vez que recua, fico à espera da investida da próxima vaga, que desejo sempre que seja maior e mais brutal que a anterior. Dali até ao Cais do Mourato, outra zona tradicional de adegas muito visitada no Verão,a estrada segue plana como que em direcção à ilha da frente, ao Faial.

O LAGIDO OU A CELEBRAÇÃO DO VINHO

No Lagido descubro a face mais turística e promocional das adegas do Pico, esse lugar que quase todas as famílias preservam ao longo da costa como altar de celebração dos prazeres da vida. Ali descem para sorver o vinho, provar caldo de peixe ou as últimas lapas grelhadas apanhadas pelos vizinhos, em especial no Verão. A afluência de muitos turistas e forasteiros para passar os meses de Julho a Setembro no Pico transformou muitas adegas. O Lagido é o lugar ideal para ver como elas eram, em especial junto ao e no Museu do Vinho. Lá está o lagar com a velha prensa em madeira, lá estão os alambiques, as pipas... pico 123 pico 126 pico 127

PELAS TERRAS NEGRAS ATÉ AO LAGIDO

É uma região de negrume a que percorro de Santa Luzia até ao Lagido. Aquele emaranhado de lava solidificada e as suas mais diversas formas são testemunha viva do que foi o Pico, de como este se ergueu do alto do vulcão e se derramou. Calculo que a zona seja especialmente predilecta de geólogos e vulcanólogos. Admirável o povo que sobreviveu num chão deste calibre. 126 117 118 119 120 pico 120 pico 121