segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DA MADALENA À HORTA

Deixei a Madalena num dia de sol. Lastimável o estado da velhinha Espalamaca, a apodrecer no porto. Merecia ser restaurada para recordar as incontáveis viagens entre o Pico e o Faial. Sinal dos tempos, aportei na Horta no recente e moderno Terminal. Cimento, muito cimento. pico 1 pico 2 pico 3 pico 4

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A ILHA DA CHAMARRITA

pico 129 pico 128 Os bailes de chamarrita estão a conhecer um regresso em força e não deixa de ser curiosa que uma discoteca como "O Farol", nas Ribeiras, abra o seu espaço para algo que há uns anos era considerado ultrapassado. Também tive oportunidade de ver jovens no Clube Naval de São Roque do Pico a terminar uma noite de música de dança ao som de chamarritas e a dançá-las com a alegria e o orgulho identitário de quem sabe que aquilo é a sua música. Manuel Canarinho, mestre da rabeca e voz fundamental na chamarrita do Pico, não tem dúvidas do impulso que esta tomou desde que ali foi Tiago Pereira gravar, enfeitiçado, o documentário "Não me importava morrer se houvesse guitarras no céu". Manuel Francisco Costa, director do Museu do Pico e também cantador e tocador considera a Chamarrita "a grande expressão cultural sobrevivente da ilha": "Mantem-se pura, não foi museulizada. As pessoas continuam a saír de casa para bailar espontaneamente, numa partilha do corpo, do afecto, do prazer". Porquê um baile tão frenético em comparação com os bailes de roda nas outras ilhas? "Penso que tem a ver com a dureza e dimensão telúrica da vida no Pico. A chamarrita começa nos terreiros e nas casas particulares como compensação do sofrimento imposto pelo solo inóspito. Daí esta pulsação", explica Manuel Francisco Costa. A chamarrita, afastada e quase extinta pela aparição das guitarras eléctricas, pela música de dança estrangeira e pela associação, a seguir ao 25 de Abril, ao passado, ressurgiu. "Houve uma espécie de nostalgia, pelo menos nas pessoas da minha idade, uma nostalgia do tempo em que aprendíamos a chamarrita, de um tempo em que fomos felizes".

NO PICO ACIMA DAS NUVENS

pico 136 Não quis acreditar. Ao fim de quase dez dias a auscultar uma janela de oportunidade para subir ao Pico, cheguei de manhã junto a uma das janelas de guilhotina da Pousada da Juventude do Pico e lá estava ele, soberano, limpo, clemente. Tinha umas résteas de esperança de lá poder ir acima porque a meterologia anunciava uma trégua no mau tempo entre 25 e 26 de Outubro. Sorvi uma chávena de café à pressa, comi um papo seco e desapareci porta fora. Haviam sido tantos dias de borrasca que a oportunidade parecia duvidosa. Com efeito, a Ilha do Pico já não conhecia um dia de verdadeiro bom tempo desde, é curioso, o dia das eleições regionais. Nesse dia 14 de Outubro estive na procissão e arraial nas Terras, perto das Lajes do Pico naquele que terá sido o último grande dia de sol. Ao fim do dia nuvens arroxeadas já tapavam o céu para os lados da Piedade. Contrastavam vivamente com o branco puro da igreja. Por momentos, temi que a distribuição de rosquilhas com que tudo terminaria depois da actuação da banda filarmónica tivesse de passar para o salão mais abaixo. A banda tocou ainda sob o sol sobrevivente de fim do dia. O maestro tinha o mau tempo e o cenário de chuva eminente por trás e a luz ofuscante do sol bem na frente. A dada altura, lá pediu uns óculos de sol e tudo correu ordeiramente. Nesse dia também, em fim de festa nas Terras, um pequeno televisor no bar da sociedade local anunciava a vitória do Partido Socialista nas eleições regionais. Devo dizer, com respeito pela verdade, que eram muitos mais os que confraternizavam junto das rosquilhas ou de pratos de codornizes, minis de cerveja dos que procuravam saber o resultado. Comi um prato de favas, paguei e vim embora. Depois, foi o que se viu. Dias e dias em que o Pico permanecia apagado pelas nuvens baixas. Era como se não existisse. Todas as manhãs lá ía eu à dita janela de guilhotina e tudo o que via era uma massa cinzenta e frustrante sobre a montanha. A juntar à depressão das nuvens baixas, o mar toldou e revirou, arrostando pedregulhos para cima do cais em frente ao museu de São Roque, explodindo de raiva nos rochedos negros um pouco por onde ía passando. Fui coleccionando fotos de grandes vagas embatendo em portos e baías e mistérios por onde ía passando. Numa tarde em particular, quando caminhava entre o emaranhado de rochas do Cachorro e o Cais de Mourato, o Pico reapareceu por momentos. Apeteceu-me chamar-lhe todos os nomes mas o vulcão voltou a submergir lentamente por baixo de uma correnteza de nuvens. Até que a 25 de Outubro, cheguei à deserta Casa da Montanha (no Inverno só abre aos fins de semana) e pus-me a trepar com aquela energia e fúria gerada por dias de ansiedade. Tive sempre comigo a felicidade de não ter a ameaça da neblina. Segui diligentemente os marcos, sem saber quantos eram. Agora sei que são 41. Devo dizer que, não sendo montanhista, dá-me muito mais prazer subir que descer. Parei sempre por breves momentos para beber água ou para restabelecer o ritmo cardíaco. De vez em quando, ía registando o avolumar de nuvens sobre a Ilha do Faial, nas minhas costas. Ao fim de duas horas e meias, após passar por alguns pequenos vestígios de neve, cheguei à cratera do vulcão. À satisfação evidente de lá ter chegado acima seguiu-se imediatamente a frustração. “Mas aqui, cercado por estas paredes de pedra, não vejo nada”, pensei para com os meus botões. Trepei então o último cone, o Piquinho, pequenas pedras a resvalar, outras a exalar o calor e o vapor vulcânico. Devo dizer que para quem esperou tanto tempo, não foi mau de todo. Do Piquinho, pude ver São Jorge semi-oculta pelas nuvens e o Faial. O melhor foi mesmo aquela sensação imperdível de usufruir o vento livre do topo da montanha, um sopro de liberdade. A descida foi bem menos romântica. A qualquer momento resvalava em pedregulhos, pequenas pedras soltas. Desta vez a Ilha do Faial surgia com bastante menos nuvens. Fui-me entretendo a ver se algum carro cruzava a estrada que passa na base, junto à Casa da Montanha. Ao fim de duas horas e meia estava de novo cá em baixo. Tão depressa não surgirá uma janela de oportunidade assim, parece-me. No momento em que escrevo, o topo do Pico está oculto pelas nuvens e as previsões são de regresso do mau tempo. Quem sabe um dia voltarei. pico 134 pico 2

ATÉ AO CACHORRO E CAIS DO MOURATO

pico 125 O Cachorro e o seu dédalo de túneis criados na rocha foi de longe o lugar da costa onde mais me impressionou a força do mar. Por algum motivo foi o local escolhido para instalar o centro de energia a partir da força das ondas. Fiquei ali embasbacado a olhar para aquela enorme caixa de betão em cujo interior o mar entra e explode em ressonância e fragor: "Bruuuum!" De cada vez que recua, fico à espera da investida da próxima vaga, que desejo sempre que seja maior e mais brutal que a anterior. Dali até ao Cais do Mourato, outra zona tradicional de adegas muito visitada no Verão,a estrada segue plana como que em direcção à ilha da frente, ao Faial.

O LAGIDO OU A CELEBRAÇÃO DO VINHO

No Lagido descubro a face mais turística e promocional das adegas do Pico, esse lugar que quase todas as famílias preservam ao longo da costa como altar de celebração dos prazeres da vida. Ali descem para sorver o vinho, provar caldo de peixe ou as últimas lapas grelhadas apanhadas pelos vizinhos, em especial no Verão. A afluência de muitos turistas e forasteiros para passar os meses de Julho a Setembro no Pico transformou muitas adegas. O Lagido é o lugar ideal para ver como elas eram, em especial junto ao e no Museu do Vinho. Lá está o lagar com a velha prensa em madeira, lá estão os alambiques, as pipas... pico 123 pico 126 pico 127

PELAS TERRAS NEGRAS ATÉ AO LAGIDO

É uma região de negrume a que percorro de Santa Luzia até ao Lagido. Aquele emaranhado de lava solidificada e as suas mais diversas formas são testemunha viva do que foi o Pico, de como este se ergueu do alto do vulcão e se derramou. Calculo que a zona seja especialmente predilecta de geólogos e vulcanólogos. Admirável o povo que sobreviveu num chão deste calibre. 126 117 118 119 120 pico 120 pico 121

SANTA LUZIA EM DIA DE PROCISSÃO

O céu turvo abate-se sobre as cabeças dos paroquianos da pequena freguesia de Santa Luzia. O vento faz rodopiar as bandeirinhas coloridas em redor da Igreja, construída em 1723 após uma erupção vulcânica na zona. Padre e congregação interrogam-se se deverão manter a procissão ou não. O andor sai numa súbita e benigna aberta que o céu concedeu aos fiéis, dá uma volta à pequena praça varrida pelo vento frio e regressa ao templo. pico 130 pico 131 pico 132 pico 133

SÃO ROQUE DO PICO

pico 86 P1080282 Este edifício e toda a zona envolvente tem uma longa história, toda ela envolvendo a captura das baleias, o seu desmanche e a sua transformação para uso industrial. Tudo terminou nos anos 80 mas a memória está na cabeça das pessoas e no Museu. Agora, aquele mesmo cais é palco durante o Verão de pelo menos um festival e acolhe pessoas de todas as idades que gostam de se banhar ali. Ainda na primeira metade do mês de Outubro vi lá uma senhora a banhar-se em dias de sol que mais tarde foram substituídos pelos de bruma e chuva fustigante. s roque Uma noite de Outubro o mar rebelou-se e encarregou-se de enviar pedras para a frente do que foi a fábrica das baleias e hoje é museu. Mais adiante, no caminho que faço diáriamente para a Pousada da Juventude do Pico, o mar fustiga o muro e obriga-me a passar para o passeio do outro lado, não vá levar com um duche em cima. pico 85 a

DE SANTO AMARO A SÃO ROQUE

Acontece com frequência no mar dos Açores e tive a possibilidade de assistir enquanto caminhava da Prainha até São Roque. Uma mancha de água da chuva, uma cortina de vapor avançava dos lados de São Jorge em direcção ao Pico embranquecendo o Oceano à sua passagem. Já em São Roque passei junto a um exemplar magnífico de arquitectura baleeira. Esta casa, conhecida na ilha como "Casa Azul", respira a influência das casas americanas trazida pelos tripulantes picoenses que labutaram nos navios baleeiros americanos. As varandas, o pórtico, a torre em madeira são influências trazidas da costa leste dos Estados Unidos, nomeadamente de New Bedford. O mar do Pico, esse, nunca dá tréguas. A marginal que segue até ao Cais do Pico testemunha essa batalha furiosa entre as vagas azuis e as rochas encarquilhadas que mais parecem dentes negros espumando baba branca. 114 115 116

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

NA OFICINA DO MESTRE JOÃO ALBERTO

“A fibra de vidro está na moda, percebe? Livram-se de calafetar, tudo bem mas havia de haver uma escola onde os jovens que quisessem aprendessem a construir a arte de construir em madeira”. Bati à porta do Mestre João Alberto das Neves num dia de borrasca. Desde o dia anterior que vagas sucessivas arremetiam contra o molhe em cimento do cais de Santo Amaro, na costa norte da Ilha do Pico. Mais adiante, rochedos negros e afiados libertavam espuma branca como baba em fúria. Ali por perto e infelicidade minha, o museu privado de construção naval de Santo Amaro estava fechado. A freguesia foi sempre um grande centro de construção naval e João Alberto, juntamente com outros mestres, um dos seus artífices. Recentemente foi homenageado numa exposição organizada pelo Museu do Pico e exibida no Museu da Indústria Baleeira em São Roque. No prefácio ao livro da exposição, Manuel Francisco Costa, director do Museu do Pico explica que homenagear o Mestre João Alberto é também revisitar “a memória dos Mestres Manuel Bento, Manuel Joaquim Melo, José Melo, José Teixeira Costa e Júlio de Matos, e a de todos os mestres, contra-mestres, carpinteiros e restantes trabalhadores que participaram na epopeia da construção naval em Santo Amaro e no Pico”. Quando chegou a Santo Amaro em 1961, vindo da sua nativa Urzelina, em São Jorge, Santo Amaro era palco de muitas construções de navios: “Era um movimento muito grande. Havia aqui três mestres e esses três não davam para as encomendas”. João Alberto das Neves foi trabalhar para o estaleiro do Mestre José Teixeira Costa. “Trabalhei com ele até 1972. Construímos 17 traineiras”. Foi então que se estabeleceu por conta própria. Ao todo, ao longo dos tempos, construiu 50 embarcações. Só atuneiros de grande porte para a chamada “Frota Azul” foram 10. “Tinha havido uma paragem grande na construção e o governo regional apostou na construção da frota azul. O mestre José Costa ainda fez dois antes de morrer, eu fiz 10”. Hoje, o mestre João Alberto das Neves lamenta o estado a que chegaram embarcações emblemáticas da região. “Mal empregadas…a lancha Espartel está a apodrecer, a Espalamaca também. Foi morrendo tudo, restam quatro traineiras que construí”. A construção em madeira decaíu muito. Uma das razões é a fibra de vidro, outra é a protecção ao cedro do mato. “Tinhamos o cedro do mato para trabalhar. Inventaram que o cedro do mato está em extinção. Deviam deixar uma quantidade de cedro destinada a construir. Todos esses atuneiros que eu fiz foram com cedro do mato. Agora, o mestre dedica-se a pequenas reparações. “Sim, reparações pequenas. Neste momento estou na Madalena a reparar um barquinho em madeira e fibra”. De vez em quando faz miniaturas. Um exercício de nostalgia. Na oficina há dezenas de fotos dos 50 botes, lanchas e traineiras que foi construindo ao longo da vida mas várias miniaturas em madeira: “Tinha aqui um começado mas depois o senhor foi para a América, nunca mais o vi. Ainda aqui estão os tirantes…” pico 96 a 111 110

EM SANTO AMARO NUM DIA DE MAR TURBULENTO

Passei junto à Escola de Artesanato de Santo Amaro e já dali podia ver as ondas muito brancas a abaterem-se sobre o betão do pequeno porto em vagas sucessivas. O mar do Pico em fúria hipnotiza, sobretudo quando se abate sobre as rochas negras e afiadas. Naquele caso, o que me impressionava era a propria fragilidade de uma estrutura feita para suportar grande ondulação. A dado momento, decidi bater em retirada quando o mar invadiu o porto e...as minhas botas. 107 113 112

NA OFICINA DE VIMES DE MANUEL MORAIS

Ía a atravessar Terra Alta, vindo da Piedade e apressava-me para chegar ao antigo centro de construção naval de Santo Amaro quando vi uma placa a anunciar cestos de vimes. Parei. De repente, de uma porta aberta, um homem sentado no chão gritou: “Entre, entre!” Era Manuel Morais, o último homem a fazer artigos em vime na ilha. “Antigamente, todas as freguesias tinham gente a fazer cestos. Não existia o plástico e o cesto era necessário para a vindima, para a apanha do milho”. Manuel Morais trabalhou 37 anos na fábrica de lacticínios Martins & Rebelo cujos postos de recolha abandonados ainda se podem ver à borda das estradas. “Faliu, virei-me para a agricultura”. Ao fim de 16 anos a lavrar milho e inhame e a tratar das vacas, reformou-se com a reforma da PAC. Nessa altura, dedicou-se ao vime que o leva a trabalhar 16 horas por dia e a correr aos fins de semana as festas e feiras da Ilha do Pico. Ainda no fim de semana passado o vi com a sua carrinha de caixa aberta carregada de vimes na festa das Terras Altas, Lajes do Pico. “Eu vou a todo o lado mas há muita gente que sabe onde eu moro e trabalho e desloca-se aqui. Este ano graças a Deus foi um ano bom, tivemos muito turismo e muitos emigrantes a comprar”, explica. O que Manuel Morais mais vende são os cestos em vime, os “açafates” que carregam as rosquilhas nas festas religiosas. “E ainda há quem use os cestos para a vindima e para o milho. Os produtos dentro do plástico apodrecem ao fim de um mês enquanto no vime podem estar um ano que não apodrecem”. Outro produto procurado pelos emigrantes é o cabaz ou a miniatura do cabaz em vime que os baleeiros levavam com comida para dentro dos botes. “É uma forma de recordarem o que tinham aqui na Ilha do Pico”. Agora, no Inverno, Manuel Morais trabalha já para o próximo Verão. “Tenho de trabalhar muito agora porque nessa altura é tempo de vender”. Lá para Janeiro, agricultores de toda a ilha cortam vime e vêem vender. “Das Bandeiras aos Foros, cortam e vêem aqui vender-mo, já sabem que eu preciso”. Depois, quem coze o vime durante horas é Manuel Morais. “Pensava que eles já mo traziam cozido? Sou eu”, responde a rir. A Câmara Municipal de São Roque do Pico fez-lhe recentemente uma homenagem- “talvez eu não merecesse tanto, sei lá”- mas do que Morais gostava mesmo era que alguém continuasse a arte. “As pessoas que quiserem podem vir aqui que não pagam nada para aprender. Precisam é de ter vontade de aprender. Isto dá trabalho. Um garrafão leva oito horas a empalhar, uma garrafa quatro” E as escolas? “As escolas podiam desafiar alunos a aprender e eu não me importava de ir um dia por semana a São Roque e outro dia à Madalena. Para que esta arte não se perdesse, está a compreender?” vimes 5 vimes 4 vimes 6

PELO LITORAL NORTE DO PICO EM DIA DE CHUVA

A chuva lustra o asfalto e o verde das videiras e das figueiras. Desta vez não aconteceu como em São Mateus, do outro lado da ilha, quando um grandioso arco-íris cobriu o pano do céu de uma ponta à outra. Foi pouco depois de ter descido ao Porto do Calhau que as bátegas fustigaram com intensidade a estrada numa zona mais arborizada. 99 102 103 104

ATÉ À PIEDADE

A Ponta da Ilha é um dédalo de velhos currais de pedra (uma zona onde já se produziu muito verdelho) e de campos verdejantes com vista para a Ilha de São Jorge. pico 74

domingo, 11 de novembro de 2012

ATÉ À PONTA DA ILHA

A Ponta da Ilha é um mar de rochas negras e de antigas adegas do verdelho. Entre a Manhenha e a Piedade passo por incontáveis muros de pedra e vestígios do que dantes eram vinhedos. As pedras negras são ali, como em outras zonas da Ilha do Pico, símbolo de adversidade. "O Pico era a ilha maldita, incultivável e a sua gente só permaneceu graças a uma grande obstinação, tenacidade e capacidade de resistência enormes. Foi sempre muito difícil ficar aqui e exigiu sempre uma capacidade de trabalho na terra e no mar sem limites", explica Manuel Francisco Costa, director do Museu do Pico. pico 70 pico 71 pico 69 pico 67 pico 68 pico 66