sexta-feira, 14 de setembro de 2012

NA FAJÃ DO MERO COM SERAFIM BRASIL

Está um dia de Verão na Fajã do Mero, freguesia do Norte Pequeno. Uma família aproveita o dia de céu limpo para comer ao ar livre, com vista para o mar e para a sombra difusa da Ilha Terceira ao longe. Serafim Brasil abre a porta daquela que já foi a casa da sua avó e onde hoje ele e a mulher recebem os turistas que por ali passam. “Esta fajã é ligada ao Norte Pequeno por dois trilhos. Uma vez, passou por aqui um casal suíço que achou piada ao meu palheiro e às cangas dos bois”. A partir de então, Serafim Brasil e a esposa passaram a receber os turistas. “Já criei um livro de visitas e eles deixam as suas impressões da fajã e da sua passagem por aqui”. Alguns já enviaram para Serafim fotos que tiraram ali. “Recebo cartas deles, fotos, recordações”. Uma vez estava a almoçar quando passaram uns turistas espanhois. “Oferecemos sopa, café, ela até queria ajudar a lavar a louça”. norte pequeno Serafim Brasil, agricultor e defensor da Fajã do Mero, São Jorge s brasil 2 s brasil A Junta de Freguesia do Norte Pequeno, no afã de promover as fajãs da freguesia, já mandou fazer um diploma que Serafim entrega aos turistas que ali passam. “É uma forma de eles sentirem que foram bem recebidos aqui e que gostámos de os ter aqui”. Serafim, cuja avó vivia naquela precária casa de pedra da fajã do Mero, veio da freguesia do Topo para ali com 16 anos. “A minha avó viveu aqui até à crise sísmica de 1964. Esta fajã já teve muita gente e era usada também pela população para “invernar” o gado nos meses de Inverno. Ficavam aqui famílias inteiras. Só se ia lá acima aos domingos, à missa”. De Inverno, a Fajã do Mero não é tão convidativa. “Por vezes”, explica Serafim quando percorremos um dos trilhos que liga á freguesia e que foi aberto em grande parte por si, “despegam aí pedras que vão a rolar por aí abaixo. Estamos na cama e parece que é trovoada”. O sismo de 1980 acabou por afastar ainda mais gente. “Muitos emigraram, outros faleceram”. Serafim Brasil acabou por herdar a casa em pedra e fazer dela e do terreno adjacente o que chama de “penedo de socorro”: “Plantei aqui muita batata, inhame, vinha…Tenho casa lá em cima mas onde me sinto bem é aqui na fajã”.

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