quinta-feira, 19 de julho de 2012

NO ALGAR DO CARVÃO

51 Estava encharcado e com fome quando cheguei à beleza lunar do Algar do Carvão. O trabalho feito ali pela Associação "Os Montanheiros" é notável. Quando desci à gruta, era a única pessoa que falava português. Todos os outros visitantes ou eram luso-canadianos e luso-americanos que falavam inglês ou estrangeiros. O guia de língua portuguesa comentou comigo que este ano se sente uma quebra nos visitantes do continente. "Que são normalmente a maioria dos visitantes". 54 No site dos "Montanheiros" está explicada a origem do Algar do Carvão: "A grande erupção, conhecida como “do Pico Alto”, que ocorreu a norte do aparelho vulcânico do Guilherme Moniz, já existente, derramou as suas lavas a grande distância. Mais tarde, uma nova erupção, desta vez basáltica, rasgou o solo e iniciou um processo que levaria à formação de um vulcão estromboliano – O Pico do Carvão. Numa primeira fase, ao forçar e tentar romper o derrame traquítico, já existente e que constituía uma barreira natural de consistência pouco “colaborante”, formou a zona da lagoa e as duas abóbadas sobre a mesma. Posteriormente, numa nova tentativa de evasão, as lavas basálticas, romperam mais ao lado a actual chaminé, saindo para o exterior. Na sua fase final o magma desceu para o interior das condutas mais profundas e da câmara magmática, dando origem, essa ausência quase instantânea do magma, à formação do Algar propriamente dito. Os derrames de lava muito efusiva, produziram rios de lava ácida muito fluidas que carbonizaram vegetação existente. A datação de um dos fósseis então formados, dá para o Algar do Carvão uma idade de 2148 ( + ou - 115 anos)". 53 Ainda citando a página dos "Montanheiros" o primeiro relato de uma descida ao Algar do Carvão é de 26 de Janeiro de 1893, com a utilização de uma corda, levada a cabo por Cândido Corvelo e José Luís Sequeira. Foram os futuros "Montanheiros" quem nos anos 60 se lançaram à exploração do Algar. Com a associação já constituída, foram feitos levantamentos topográficos para a abertura de um túnel, de forma a permitir um fácil acesso a quem quisesse visitar e estudar este algar. "Com início em 28 de Maio de 1965 e até 28 de Novembro de 1966, aos fins-de-semana e feriados, conseguiram os Montanheiros rasgar um túnel de 44 metros até ao interior do algar, que veio mais tarde a ser alargado e consolidado a betão. Foram feitas escadarias no interior, inicialmente em madeira para permitir o acesso à parte inferior do algar. Diversos actos de vandalismo destruíram totalmente essas escadas interiores. Posteriormente, em 1977, foi construída a actual escadaria em betão, com uma extensão total de 300 metros, repavimentada e alargada em 2003". A 30 de Novembro de 1973 uma porção do terreno que albergava o algar foi doada pelo proprietário José Ataíde da Câmara e sua esposa aos Montanheiros. Foi doada ainda a faixa de terreno, onde Os Montanheiros haviam rasgado o acesso, derivando do Caminho do Cabrito, que facilitava a chegada ao Pico do Carvão e que actualmente se tornou em caminho de domínio público. 52 Algar do Carvão: "Trata-se de uma notável chaminé vulcânica, que ao contrário do que geralmente se verifica noutros casos não se acha completamente obstruída. Com uma cratera de 15 X 20 m termina 90 m abaixo numa lagoa de águas límpidas. Ao infiltrar-se através das rochas e escórias, a água dissolve e é enriquecida em minerais férricos e de sílica. Ao libertar-se, precipitando-se na lagoa, deposita, nas abóbadas, nas paredes interiores e nos pavimentos os minerais sob a forma de estalactites e estalagmites de sílica amorfa de cor branca leitosa ou veios férricos avermelhados, produzindo alguns, por oxidação, depósitos de limonite. Esse facto torna distintas as duas abóbadas mais interiores: sobre a lagoa predomina a sílica e sobre o “palco” predominam os depósitos férricos. Tem sido adiantada também a hipótese das formações siliciosas estarem relacionadas com a presença de diatomáceas, que possuem sílica na sua estrutura. É ainda possível observarem-se algumas capas de basalto que conseguem manter-se coalescentes às paredes traquíticas; formações esmaltadas de cor negra a revestirem algumas paredes ou formando lâminas pendentes; escorrências lávicas ocorridas antes da solidificação total da lava ou por mecanismos de refusão das paredes. A lagoa com uma superfície máxima de 400 m2, alimentada por infiltrações pluviais e algumas pequenas nascentes imersas na lagoa, atinge uma profundidade máxima de 15 metros. Em anos pouco pluviosos chega a secar quase completamente. Foi encontrada no fundo da lagoa um fóssil de uma ave marinha perfeitamente conservada e coberta de sílica. Esta lagoa, com as restantes formações da gruta que a circundam, traz uma beleza adicional ao conjunto". Retirado da página da Associação "Os Montanheiros"

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