sábado, 7 de abril de 2012

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Faial da Terra
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Faial da Terra
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Sanguinho, Faial da Terra

NO SALTO DO PREGO

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Salto do Prego

O trilho desce desde o Salto do Cagarrão por entre uma vegatação exuberante e pontes em madeira, algumas bem escorregadias. Antes de chegar ao antigo lugar de Sanguinho, encontro o Salto do Prego, onde não perco tempo a mergulhar outra vez. A água é fria mas muito retemperadora.
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sexta-feira, 6 de abril de 2012

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MANUEL REDONDO, ÁGUA RETORTA: "POUCOS CULTIVAM"

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Manuel Redondo, 73 anos, trabalhou dez anos como ferroviário no Canadá mas regressou a Água Retorta onde para não enferrujar, como explica, vai todos os dias para o campo dedicar-se a um ritual quase em extinção: Semear. "Quando eu era novo toda a gente aqui vivia da lavoura. A gente estava plantando o milho e conversando uns com os outros. Agora, os que trabalham, vão vivendo da pecuária. Os outros emigraram".
Água Retorta chegou a ter 1700 pessoas, hoje tem pouco mais de 490, que vivem rodeadas de pastos. "Essas pastagens, dantes eram campos cultivados". Manuel Redondo continua a semear milho, alho, pimentão, feijão, batata. "Com essa crise, qualquer dia vão ter de voltar à lavaoura".

A PAZ DE ÁGUA RETORTA

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A vida corre devagar em Água Retorta, uma freguesia rodeada de verde por todo o lado onde vivem pouco mais de 490 pessoas.
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Lombo Gordo
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Ponta do Sossego
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

NORDESTE

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Vila do Nordeste
mapa nordeste
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Vila do Nordeste

ZULMIRO, O "BRASILEIRO" DA LOMBA DA FAZENDA

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Zulmiro Medeiros Resendes, 76 anos, emigrou para o Brasil aos 18 anos sem nunca ter saído da Lomba da Fazenda. Após uma vida muito vivida em São Paulo onde manteve um bar e lanchonete/ padaria, regressou para o sossego da freguesia de onde é natural: "Poxa, isso aqui mudou muito e para melhor".
Quando Zulmiro partiu, a Lomba da Fazenda era uma freguesia entregue à agricultura onde se andava de burro e se ía a pé vender ovos, por exemplo, a Ponta Delgada. "Os meus irmãozinhos eram como toupeiras, a gente não sabia nada, era o tempo de não saber ler, do carro de bois e do burrinho. Caramba, eu não fazia ideia do que é o mundo aí fora".
Zulmiro foi pela primeira vez a Ponta Delgada para apanhar o barco para o Funchal de onde apanhou então o navio North King para o Porto de Santos. "Eu nunca tinha estado em Ponta Delgada, gostava de tudo, daqueles passeios, tudo era novo para mim".
Só não achou muita piada quando descobriu que o North King de "rei dos mares" só tinha o nome: " Era um navio que tinha andado na Guerra Mundial e depois passou a acartar portugueses. Parecia barco de carga. Eu vi aquilo. Disse para comigo: "Não brinca não".
Ao fim de dez dias de mar e céu, Zulmiro desembarcou no porto de Santos. Tinha a família à espera. "Me levaram à Praia Grande. Na época, aqui na Lomba Grande, as mulheres usavam saia comprida e três a quatro saias. Cheguei à praia, as mulheres em fato de banho, meu Deus, aquelas pernas..."
Zulmiro montou uma lanchonete e padaria e ao contrário do irmão, nunca casou. "Sempre gostei de trabalhar mas viver a vida também".
A lanchonete era bem no centro de São Paulo, no bairro da Lapa. "Trabalhava das 8h00 à meia noite mas conheci gente de todo o lado. O Brasil é um país maravilhoso, recebe o português como irmão".
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Em 1993, Zulmiro voltou pela primeira vez a São Miguel. "Olha, fiquei muito feliz de ver tudo modernizado. Aí eu disse, os portugueses evoluíram". Nos últimos tempos de São Paulo, viveu com mais intensidade a rotina de assalto à lanchonete. "Sempre fui calmo, nunca reagi, sempre que apontavam o revolver, eu ficava tremendo de medo por dentro mas negociava com o assaltante e o cliente na loja nem percebia".
Uma vez, o assalto demorou mais tempo porque o ladrão queria o cofre. "Eu expliquei que não tinha. Aí, o pessoal que esperava para comprar o pão reclamou: "Cadê o nosso pão?" Eu tive de explicar: "Gente, acabei de ser assaltado".
Por fim, chegou a ser assaltado 15 vezes num mês. "A gente chamou a televisão e a rádio, pediu ajuda, era demais. Abrandou um pouco mas logo retomou". Há cinco anos, Zulmiro regressou à Lomba da Fazenda. " A princípio, cheguei stressado, agora estou relaxado".
Abre os braços: "Obrigado Brasil por tudo o que me deu mas agora 'tou na minha terra de novo. Aqui descanso em paz, nesse sossego".
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TOMÁS RAPOSO FERREIRA: "A AGRICULTURA ACABOU"

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Tomás Raposo Ferreira, 79 anos, ex-agricultor e tocador de violão e viola da terra- tocou com os melhores cantadores ao desafio de São Miguel- lembra quando na Lomba da Fazenda não havia televisão e a distracção era a guitarrinha no salão de bailinho. "O povo está ficando atrelado à televisão e vai pelo caminho".
Tomás viveu quase sempre nesta freguesia do Nordeste. Esteve no Canadá entre 1966 e 1971 mas não gostou: "O ambiente era como está ficando agora aqui. Eu sempre gostei de respeito". A Lomba da Fazenda vivia da plantação de trigo, milho, beterraba e das vacas. "Tínhamos sempre trabalho. Trabalhei nos Serviços Florestais uns anos. Naquele tempo, qualquer um levava um sachinho às costas, dava o seu nome e já ganhava o dia".
Pescadores no porto de pesca da Vila do Nordeste eram muito poucos. "Eles largavam o mar da mão e vinham para o campo. O mar era uma desgraça".
Em tempo de festas, os habitantes da Lomba da Fazenda íam a pé. "Houve gente que ía daqui a pé para o Senhor Santo Cristo em Ponta Delgada. É duro". Tomás ía com os amigos pela Serra da Tronqueira à Festa do Corpo de Deus na Povoação. "Dormíamos onde calhava. Uma vez, dormimos por cima da casa de um burro deitados na folha que era para o animal comer". Levavam roupa mais usada e dentro de um saco a roupa melhor, para usarem na festa".
Para os lados de Água Retorta, não havia estrada, só veredas. "Essa estrada foi toda rasgada à mão há uns 60 anos. Eu ía com o meu pai com as rezes por atalhos levar vacas para os pastos do Lombo Gordo".
Tomás fica feliz com o que tem sido feito no Nordeste: "Essa SCUT é uma maravilha, o senhor Carlos César foi um grande homem e fez a sua despedida com uma obra linda". Só lamenta o fim da agricultura: "A gente 'tá vivendo das vacas mas não dá para todos. Muitos rapazes largam a escola e não têm onde trabalhar".
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Lomba da Fazenda
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Senhora do Pranto
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São Pedro de Nordestinho
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São Pedro de Nordestinho
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Santo António de Nordestinho

DESPE-TE QUE SUAS, NORDESTE

Entre Algarvia e Santo António de Nordestinho está uma das etapas mais duras dos muitos romeiros que todos os anos na Quaresma se entregam à romaria durante oito dias. A partir do miradouro na foto, é sempre a descer até à Ribeira Despe-te Que Suas para depois se voltar a subir numa grande inclinação até Santo António de Nordestinho, onde nos espera outro miradouro.
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Miradouro do Despe-te Que Suas
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A grande descida até lá abaixo à Ribeira Despe-te Que Suas. Agora, um enorme viaduto passa mesmo por cima e paira sobre quem desce e sobe, sobretudo os Romeiros da Quaresma
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A Ribeira Despe-te Que Suas termina lá em baixo junto ao mar
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A homenagem ao romeiro junto à Ribeira Despe-te Que Suas
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Finalmente, já do lado de Santo António de Nordestinho
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Algarvia

segunda-feira, 2 de abril de 2012

UM LEÃO NO NORDESTE

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Encontrei Algarvia posta em sossego até passar no café de Carlos Arruda, provavelmente o mais sportinguista da ilha. "Quando estive doente em Lisboa, conseguia sempre que a consulta coincidisse com um fim de semana em que jogava o Sporting em Alvalade e quando estive internado o médico ameaçava tirar-me o televisor do quarto sempre que me via transtornado a ver o Sporting". Ali dentro do café, um autêntico Núcleo do Sporting em Algarvia, só reina o leão. A família é toda sportinguista menos uma filha de Carlos, adepta do Benfica. Quando a filha levou para o café adereços do Benfica, esses desapareceram rápidamente. "Venderam-me uma caneca do Benfica", conta bem disposta, " não levo a mal, só não quero que ele sofra tanto pelo Sporting. Dantes, o Sporting perdia e ele fechava o café".
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Nesta zona do Nordeste começam as etapas mais duras para os romeiros da Quaresma, que normalmente culminam com a subida no Faial da Terra e as lombas da Povoação
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Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões: As duas cascatas foram feitas pelo homem mas, como dizia alguém, "também são bonitas"

A SCUT e Ponta Delgada-Nordeste em 45 minutos de carro

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Quem atravessa as velhas e bucólicas estradas em direcção ao Nordeste não consegue ficar indiferente à presença da nova SCUT
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A SCUT introduziu uma nova paisagem no Nordeste. Achada 2012
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