VIAGEM A PÉ PELAS NOVE ILHAS DOS AÇORES REALIZADA EM 2012 PELO JORNALISTA NUNO FERREIRA (REVISTA EPICUR E REVISTA ONLINE CAFÉ PORTUGAL, autor do livro "PORTUGAL A PÉ", EDIÇÃO VERTIMAG) APOIO VERTIMAG, Pousadas de Juventude dos Açores e SATA Contacto: nunocountry@gmail.com
sábado, 10 de novembro de 2012
CHAMARRITAS NA CASA DO POVO DAS RIBEIRAS
Lá fora a escuridão e a chuva a cântaros e eu sem dar com a Casa do Povo das Ribeiras que só mais tarde descobri estar afastada do centro da povoação cerca de dois quilómetros. "É nesse ramal de cima", explicou-me um jovem a treinar bateria de auscultadores nos ouvidos num salão enorme e vazio da sociedade recreativa. Eu subi o ramal de cima até a escuridão engolir a estrada, voltei a descer, até finalmente encontrar um senhor de guarda-chuva na mão. Que sim, que também ía para a Casa do Povo das Ribeiras e que estava à espera de transporte. "O presidente da Casa do Povo disse-me que passava aqui em baixo a buscar-nos". Lá liguei ao presidente e dentro em pouco lá estava ele, sorridente, alguém que nunca me vira na vida a convidar-me a entrar na carrinha para seguirmos para cima. Ainda demos umas voltas à procura de mais pessoas que tinham dito que queriam ir.
Como sempre nos bailes, a sala foi enchendo aos poucos, as pessoas sentando-se nas cadeiras em redor da área onde se iria dançar. Os músicos (parte da fina flor da ilha) foram chegando aos poucos e sentando-se a afinar os instrumentos ou a conversar. Como o ritmo da Chamarrita é frenético os músicos tocam sem parar e sentados. Seria muito cansativo fazê-lo em pé. Violões e bandolins não faltavam, pena foi a presença de poucas violas da terra e de poucos violinos.
O salão manteve-se cheio de gente, muitos de idade avançada, outros muito jovens, até cerca das duas da manhã, enquanto os pares dançavam frenéticamente, primeiro em grupos organizados ( uma fenómeno recente), depois para quem quisesse dançar. Entre arrematações de caranguejos e de outros bens comestíveis, as coisas foram sempre acelerando até terminarem de madrugada na cozinha da Casa do Povo das Ribeiras onde todos (eu também) foram convidados a comer sopa de peixe e muitas outras iguarias locais.
José Felix (que substituiu em determinada altura Manuel Canarinho na rabeca), Manuel André (viola da Terra) Aurora (bandolim) e Sr. Soares (bandolim)
Sr Soares
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