É com tristeza que anuncio que o livro "Açores a Pé se encontra em stand-by neste momento apesar de praticamente paginado.
Abraço a todos e até breve
Nuno Ferreira
nunocountry@gmail.com
AÇORES A PÉ PELAS NOVE ILHAS
VIAGEM A PÉ PELAS NOVE ILHAS DOS AÇORES REALIZADA EM 2012 PELO JORNALISTA NUNO FERREIRA (REVISTA EPICUR E REVISTA ONLINE CAFÉ PORTUGAL, autor do livro "PORTUGAL A PÉ", EDIÇÃO VERTIMAG) APOIO VERTIMAG, Pousadas de Juventude dos Açores e SATA Contacto: nunocountry@gmail.com
quarta-feira, 5 de março de 2014
domingo, 22 de setembro de 2013
LIVRO "AÇORES A PÉ"
Em breve, conto ter novidades sobre o
livro "Açores a Pé" e futuros projectos. Podem seguir-me na página https://www.facebook.com/#!/pages/A%C3%A7ores-a-p%C3%A9-pelas-nove-ilhas/233613903394369
Um grande abraço a todos Nuno Ferreira nunocountry@gmail.com
livro "Açores a Pé" e futuros projectos. Podem seguir-me na página https://www.facebook.com/#!/pages/A%C3%A7ores-a-p%C3%A9-pelas-nove-ilhas/233613903394369
Um grande abraço a todos Nuno Ferreira nunocountry@gmail.com
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
PESCA AO GORAZ NO CORVO
O Corvo, finalmente. São quase 8h00 da manhã do dia 11 de Dezembro de 2012 e o sol ainda não despontou sobre a ilha e a sua pequena vila abrigada na colina. Desde o dia anterior que os homens estão a ir ao mar, depois de duas semanas de intempérie. A época é de pescar o máximo de goraz possível, o peixe mais caro e procurado em Dezembro.
Quando ainda me encontrava nas Flores fora acompanhando a frustração de um velho pescador. Dia após dia observava a superfície bravia do mar de Dezembro junto ao “Buena Vista”, o bar das piscinas em Santa Cruz das Flores e encolhia os ombros. “Quando esteve bom tempo, tive o motor avariado e agora não dá. Paciência…” Ouvia-o soletrar paciência mas sentia-lhe o nervoso miudinho, a ansiedade, a vontade de saltar para dentro do barco e pescar. “Agora que o goraz chegou aos 13 euros…”
Com a lancha Ariel em terra e sem chances de chegar ao Corvo por mar, no dia 11 meti-me no avião e ao fim de uns sete minutos de voo estava na ilha. Umas horas depois, estava a falar com um homem grande e simples, vestido com uma samarra cinzenta e branca. Chamava-se José Freitas e tinha 45 anos, 14 de mar. Acabara de vir da pesca e no dia seguinte ía voltar para lá. “Quer ir ao mar? Amanhã esteja às 8h00 no porto”.
A luz já incidia sobre o casario branco e aconchegado do Corvo quando José Freitas usou a grua para fazer descer à água o “Iasalde”. Daí a pouco estávamos a afastar-nos em direcção ao sueste da ilha. Outras embarcações, do Corvo e de Santa Cruz andariam na zona naquele dia mas nem todas pescariam o que José Freitas, velho lobo do mar pescaria. “A vida do mar é ingrata”, explicar-me-ia mais tarde, com o barco já estabilizado ao largo do Corvo. “Pesquei ontem e se Deus quiser pesco hoje mas amanhã já dão mau tempo para vários dias”. Um anel de nuvens acachapou-se sobre o Caldeirão da ilha enquanto José e o ajudante preparavam as linhas com o isco. “O isco? É bonito, a sardinha está muito cara”.
A princípio e acreditando nas palavras e olhar céptico do pescador, pensei que o dia fosse de pouca pescaria. “Aqui há uns anos é que havias de vir comigo aqui, havia muito mais peixe”. O olhar de José Freitas a perscrutar a ondulação cor de zinco parece de pouco entusiasmo. Mas de repente, um pasmo de alegria oferece-se-lhe no rosto. Sorri como uma criança. É o goraz, não um nem dois mas vários que vai retirando de braço esticado e colocando a saltitar dentro de uma caixa. “Eh la, mais um, já não está mau”.
Do outro lado da embarcação, sentando junto a uma manivela que segura várias linhas, o pescador cabo-verdeano é menos exuberante. Mas chegará a sua vez. As linhas vão ser puxadas e o peixe aparecerá aos poucos. José Freitas, no lado oposto do barco, só quer saber que tamanho tem o peixe. “É grande? Vamos lá pescar goraz grande”.
Junto ao barco, bandos de gaivotas procuram o que comer. José Freitas atira-lhes um peixe. Uma gaivota foge com ele no bico, perseguida por outras tantas. De repente, essa mesma gaivota deixa caír o peixe que é imediatamente roubado por outra. Enquanto os dois pescadores não param, ora a lançar mais linhas ora a cortar mais fatias de bonito para o isco, ali perto desenrola-se uma autêntica batalha de gaivotas pela posse do peixe.
Mais à frente, o dorso verde e maciço da ilha como pano de fundo, um grupo de golfinhos atravessam-se em frente ao barco. De-saparecem com a mesma rapidez fugaz com que surgem. Vêem à tona de água, saltam, deixamo-los do ver e…lá vão eles mais à frente.
Ao fim do dia, o porão do “Iasalde” com goraz suficiente para satisfazer José Freitas- “ontem e hoje deu umas toneladas boas”- o céu incendeia-se entre as Flores e o Corvo e desfaz-se em tons avermelhados e roxos. O dia de pesca chega ao fim e tudo indica que não se pescará ali tão depressa .
Daí a pouco os pescadores corvinos já estarão no bar do Restaurante Traineira a contar uns aos outros as venturas e desventuras do dia. “Fostes com o Freitas?”, pergunta-me um, “pescou bem, nós pescámos muito menos”.
AMIGOS NAS FLORES
Dois dos amigos que deixei nas Flores: O Pedro do "Buena Vista", junto às piscinas naturais de Santa Cruz, um natural de Santos, Brasil que um dia, depois de muito jogar em clubes do norte e centro de Portugal acaboou por aterrar nas Flores e já não saír.
E o Zé, pescador e o homem que me atendia no "Rosa" sempre que lá ía comer polvo, alguém com um sentido de humor e uma humanidade incríveis. A sério. Se lerem isto, saibam que gostei muito de vocês aí!
O DIA EM QUE O AVIÃO NÃO CHEGOU
De um momento para o outro, a mesma Ilha das Flores que resplandecia ao sol benigno do início de Dezembro encolheu-se sobre si própria, vergada aos ventos, ao nevoeiro e à sua eterna sina de insularidade. Quando o avião não chegou e a lancha Ariel não percorreu as milhas náuticas que a separam do Corvo, os florentinos encolheram os ombros. É a metereologia vivida como parte integrante do quotidiano. “Amanhã o avião já vem”.
Há uma gaivota a planar sobre o mar de estanho. Um homem jovem caminha vergado sob o vento como um homem velho junto ao muro pintado de branco das piscinas. A mancha amarelada do canavial agita-se entre a encosta tingida de verde e as rochas afi-ladas que descem sobre o mar. O céu fecha-se de branco e engole o que resta do perfil da Ilha do Corvo. Jurava que já tinha experimentado os ventos mais fortes das ilhas mas a manga branca e vermelha do aeroporto e as copas dos últimos cedros do mato em frente ao mar dizem-me que está a começar mais um temporal.
Os habitantes acostumaram-se há muito aos ventos, ao céu a descer das encostas em forma de nevoeiro e às rajadas a bater toda a noite nas vidraças humedecidas.
Os mais velhos contam que o “isolamento” actual não é nada comparado com o tempo em que não existiam estradas mas apenas caminhos enlameados e as Lajes das Flores ainda não conheciam o porto novo. “O barco grande ficava ao largo e a gente transportava tudo em barcaças para terra”, conta um pescador, embrulhado numa samarra, um boné sempre pendurado na cabeça e um olhar permanente sobre o mar que não o deixa pescar. “Agora é a época boa para o goraz mas não está dando para pescar”. O rosto contrai-se numa careta de resignação. “Já tenho 70 anos, já apanhei muitos sustos no canal entre o Corvo e as Flores, baleias, ondas fortes, já estive na Guerra Colonial, é assim…”
Ao invés do temor de sismos e erupções de outras ilhas, nas Flores vivem-se intensamente as ventanias, as chuvas e consequentemente as “quebradas” ( desabamentos de terra). A cada passo, na minha caminhada por uma ilha repleta de ribeiras que descem em cascatas pelo meio das encostas verdejantes, confrontei-me com árvores caídas, uma estrada cortada, o acesso a um lugar de águas quentes engolido pelas terras e pelo menos um trilho cortado.
Quando, no dia seguinte à borrasca, o Sol tímido de Dezembro rompe o nevoeiro e até celebra as tréguas com um arco-íris sobre Santa Cruz das Flores, vive-se uma espécie de reconciliação com a ilha mais verde. “Você veio em Dezembro a uma ilha isolada no meio do Atlântico, o que é que queria?”, pergunta um florentino de sorriso nos lábios.
TEATRO NAS FLORES
Desde 1980, com um intervalo de dez anos, o grupo de teatro A Jangada anima a Ilha das Flores com comédias, peças infantis e revista à portuguesa. Os adereços e figurino são feitos pelos próprios elementos do grupo. A viagem do encenador Joaquim Salvador é paga pelos comerciantes da ilha, que fica alojado em casa de elementos do a Jangada. “É um grupo que tem tudo para não existir mas existe”, explica António Lopes, da direcção.
Domingo à tarde no auditório da Escola de Santa Cruz das Flores. Os actores do Teatro Jangada ensaiam mais uma vez a peça infantil “O Sonho do Burro Malaquias” destinada a ser exibida na época do Natal às crianças da ilha. A companhia, a única nas Flores, nasceu a 5 de Dezembro de 1980 como Grupo Cénico de Amadores a Jangada e mantem-se hoje como Jangada Grupo de Teatro lutando num cenário de insularidade e isolamento.
“Esta companhia tem tudo para não existir mas existe”, explica António Lopes, presidente da direcção. “Temos um elenco residente de cinco a sete pessoas e depois vamos incluindo muitas pessoas que estão cá um ano e vão embora”. Neste momento, o grupo, fundado por florentinos, conta apenas no elenco com um natural da ilha. Todos os outros elementos são continentais.
O grupo de teatro, criado em 1980, esteve parado cerca de dez anos entre a década de 80 e 90. Até que um dia, uma directora regional de cultura convidou os elementos antigos a realizarem um sarau cultural. A noite , nas instalações da Sociedade Filarmónica Doutor Armas da Silveira, foi um sucesso.
A partir daí, a actividade teatral recomeçou. “Nessa altura, havia a ideia de que uma peça por noite não chegava, então ensaiávamos duas peças. Actuávamos ao fim de semana e as salas esgotavam”, conta António Lopes. Em 1999, fizemos duas peças no Verão e estávamos a ensaiar uma peça para o Inverno quando se deu o desastre de aviação em São Jorge, que vitimou membros do grupo.
Em 2000, a professora Cândida Almeida sugeriu ao grupo trazer à ilha o encenador Joaquim Salvador. “Pedimos patrocínios ao comércio e pagámos a passagem ao encenador. Ele viu o que estávamos a fazer, deu-nos conselhos, sugeriu alterações e desde então trabalhamos com ele”.
Não é, no entanto, muito fácil trazer o encenador do continente. “Vem cá 15 dias, fica alojado em casa dos membros do grupo e come em casa de cada um. O resto é apoiado pelos comerciantes e pelo subsídio que recebemos da Direcção Regional da Cultura”.
O grupo conta também com um elemento, o professor Fernando Oliveira, que há 12 anos escreve textos para uma revista à portuguesa levada há cena anualmente. “Neste momento está destacado no continente”.
Ao todo, ao longo do ano, o Jangada faz uma comédia, uma revista à portuguesa, uma peça infantil e uma outra peça mais dramática. “Críamos ainda os prémios “As Criptomérdias de Ouro” que distinguem com humor personalidades da ilha. A princípio foi complicado mas agora é o delírio. Temos o cuidado de nunca chamar as pessoas pelo nome próprio e as pessoas adoram”.
O mais difícil é mesmo saír da ilha com as peças, sobretudo quando envolvem muitos elementos. “Fomos convidados para ir a Samora Correia com a peça “Elas e a Fama”, uma peça que conta a história de quatro mulheres que querem ser vedetas. Também concorremos para ir a São Jorge com esta peça infantil mas somos muitas pessoas…vamos ver…”
O grupo de teatro que sobrevive na Ilha mais ocidental dos Açores e da Europa em condições adversas- os adereços e as roupas são feitos pelos elementos do próprio Jangada- está agora empenhado na peça infantil “O Sonho do Burro Malaquias”. Os cenários foram criados pelos alunos de Educação Visual da Escola de Santa Cruz das Flores. As crianças, essas, já se habituaram a contar com a peça pelo Natal. “É uma iniciativa que já tem quatro anos e que eles esperam com ansiedade”.
NA IGREJA MATRIZ
A CHUVA QUE NÃO DEIXA SAÍR A PROCISSÃO
CAVEIRA-SANTA CRUZ DAS FLORES
TENTATIVA FRUSTRADA DE DESCER ATÉ À FAjà DE PEDRO VIEIRA
Estava determinado a não perder na costa leste a Fajã de Pedro Vieira e estou convencido que, apesar da lama, estava no bom caminho quando a dada altura continuei em frente quando deveria ter virado à direita em direcção ao mar. Voltei, a sina do dia, ao asfalto e à estrada para a Caveira e Santa Cruz
LOMBA-CAVEIRA
A CAMINHO DA LOMBA COM SOL E CHUVA
RIBEIRA E QUEDA DE ÁGUA PERTO DA ESTRADA
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
LAJES DAS FLORES
Finalmente as Lajes das Flores. A primeira viagem de automóvel entre a povoação e Santa Cruz das Flores ocorreu segundo Guido Monterey em 1951 com uma multidão a correr atrás de quatro ou cinco carros e da...banda filarmónica. A televisão chegou em 1986 e o porto, hoje o Porto das Flores em 1992. À frente da Igreja Matriz da Nossa Senhora do Rosário ainda estão os canhões do desaparecido Forte de Santo António.
NA FAJÃ DE LOPO VAZ
Sábado de fim de Novembro de 2012 na Fajã de Lopo Vaz. Ninguém por perto. O som é do vento e do mar a lamber os calhaus rolados. Ainda segui o trilho por entre muros de pedra, bananas e canavial até à última casa antes da falésia mas acabei por voltar para trás para me fazer lentamente à subida até cá a cima à estrada. Dificilmente voltaria a encontrar um local assim na minha caminhada pela Ilha das Flores.
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